(des)amor

Queria poder dizer que já passou, mas dizer com o coração. Todas as vezes em que forcei dizer que esqueci, estava naquela vontade de acreditar que isso realmente iria acontecer, mesmo sabendo que nunca aconteceria.

Não quero voltar pra você, não quero sonhar mais com você, não quero ter que remoer aos nossos momentos toda vez que eu achar que não sou boa o suficiente pra ganhar alguém melhor.

E chega a doer no fundo não conseguir entender porque demora tanto pra sumir essas feridas, e demora mais uma vida pra que as coisas possam acontecer pra mim.
Estou no meu direito de reclamar, essa demora me cansa. Principalmente quando vejo que sua vida andou a jato, enquanto a minha ia montada numa tartaruga. Logo eu, que te amei, te formei, te tornei um homem melhor e me privei do que havia melhor de mim pra te fazer brilhar.

Como um ciclo vicioso, me sinto um relógio. Enquanto você, de horas se tornou dias e depois anos.

"Não se sinta azarada no amor", mas infelizmente eu me sinto e não sei como eu ainda acredito que essas coisas possam acontecer para uma pessoa como eu.

E chega até ser injusto e desproporcional ao tanto de amor que sempre estou doando e nunca recebendo. Essas lágrimas negras doem demais e fluem silenciosas seguindo o fluxo ao contrário do meu sangue no corpo pra poderem sair pelos meus olhos.

O que era verde está se tornando cinza. E a culpa é totalmente dessa vida injusta de merda.